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Por que o sábado do sétimo dia não é escrito de dívida? Parte 1

No contexto da liberdade religiosa todo ser humano tem o direito de expressar a sua crença e respeitar o credo do outro. Quando se fala de cristianismo há diferentes ramificações religiosas e uma diversificação hermenêutica para a compreensão do texto bíblico. Ou seja, existe uma variedade de interpretação da Palavra, o que atende a muitos gostos, mas que gera muita confusão. 

O propósito do presente artigo é provocar abertura de janelas na mente a fim de criar uma ventania de interesse para a compreensão de textos das Escrituras que são de difíceis compreensão. O escolhido da vez é Colossenses 2:14-17, uma vez que este bloco escrito gera controvérsias entre cristãos e porque não dizer dúvidas entre os guardadores do sábado. 

Como o assunto para tal entendimento é denso e exige plena atividade da mente, o desafio é transmitir as informações de uma maneira mais leve para que pessoas simples e fiéis consigam compreender e fortalecer o entendimento naquilo que acreditam. Por isso, o Portal Engenho Literário toma a iniciativa de publicar uma série de artigos sobre o assunto para auxiliar irmãos que porventura estejam passando por desafios acerca da fé.

Concomitante a isso, este primeiro artigo analisa o versículo (14), o qual diz o seguinte: “tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removendo-o inteiramente, encravando-o na cruz”. 

O objetivo aqui não é discutir quem é o autor da epistola. Num sentido convencional utilizarei a autoria de Paulo. 

Os problemas na cidade de Colosso fizeram com que Paulo demandasse um certo tempo para alertar os irmãos  dos perigos dos falsos ensinos contra a fé. O que se nota na vida do autor é o seu desprendimento em utilizar a sua erudição para atender àquele grupo de irmãos. 

Conforme destaca WIERSB (2012), Colosso fazia parte de um trio de cidades situadas num raio de 160 km de Éfeso. Juntamente com Laodiceia e Hierápolis formava uma rota comercial bem destacada entre o Oriente e o Ocidente. Da mesma maneira que muitas cidades da atualidade pararam no tempo por deixarem de acompanhar o desenvolvimento, Colosso perdeu o trem do progresso e ficou reduzida a características de uma cidade pequena como as que conhecemos atualmente. 

Para que o individuo compreenda este texto sem preconceito e até mesmo sem deboche para com a Lei de Deus é importante que ele adentre ao Santuário do Altíssimo a fim de assimilar a reverência à santidade de Deus. Nesse interim, a sua vida de oração e o seu contato com a Palavra farão com que ele compreenda porque de fato Jesus morreu e quais  elementos e ordenanças apontavam para Cristo na Cruz. 

Esse real entendimento e o respeito à santidade reduzirão a ignorância, o egoísmo e a confusão entre o princípio da lei e a transitoriedade da ordenança. Em especial ao mandamento do sábado, uma vez que a observância desse dia tem sido ao longo de milênios, motivo de controvérsias. Ao entender esse detalhe e assimilar o real sentido da morte de Jesus, o crente fará do seu corpo o verdadeiro santuário para a habitação do Espírito (1Coríntios 6:19), uma vez que ele entra numa especie de simbiose com o divino. 

Pois bem, partindo desse ponto de entendimento, o indivíduo compreenderá que no momento em que ele se reúne com diferentes pessoas, seja num salão alugado, numa igreja construída ou até mesmo debaixo de uma árvore, logo se percebe que a adoração é o ponto central para o bom relacionamento entre o Criador e Suas criaturas. 

O que precisa ser enfatizado é que toda confusão existente no universo tem origem na má compreensão da adoração. Infelizmente, foi o que Lúcifer provocou no Céu (Ezequiel 28:14-16) e ao que parece é o que muita gente atualmente continua a provocar, por não se submeter à Palavra e nem ao processo de discipulado. A falta de humildade e a insistência em manter o egoísmo vivo tem levado a igreja a capengar em função de insurreições, pecados deliberados, rivalidades entre irmãos, desrespeito, boicotes ao ministério e até ódio institucional.   

As pessoas não param para refletir que elas poderiam ser colaboradoras do ministério e mordomos do evangelho para que façam da igreja e da sociedade um ambiente mais fraterno possível. 

O ser humano, criado para refletir a glória de Deus recebe de presente um jardim para viver. De acordo com MERRILL (2009), o jardim do Éden era um tipo de microcosmo do universo. Para ele, se “o homem conseguisse governar lá, estaria capacitado a governar um reino maior”. Para melhor compreensão desse ponto de vista, leia com atenção a parábola dos talentos. Você vai perceber que a mesma função de mordomo dada a Adão é confiada a você a fim de preservar os princípios e valores do Reino. E neste caso, duas instituições sagradas se destacam: o sábado e a família. Perceba que estas duas instituições antecedem ao pecado e por isso, jamais deveriam ser inseridas como sombras que apontariam para a morte de Jesus. Só por esse detalhe o sábado não tem nada a ver com ordenança passageira, do contrario, teríamos de concordar que a família também seria uma sobra e não faria sentido defendê-la hoje. Falaremos desse assunto em textos mais adiante.

Neste momento, quero analisar a frase: “tendo cancelado o escrito de dívida”. De acordo com MOUNCE (1993) o sentido grego do verbo “exaleifo” (cancelar) tem o significado de “ungir, manchar, para limpar ou afastar, apagar, obliterar”. Qual é a intenção do Apóstolo Paulo em utilizar esse termo? Será que ele  está falando de um acordo que alguém fez de maneira indevida? 

Ao seguirmos a leitura, nos deparamos com o termo “escrito de dívida”, que em grego é cheirographon e segundo MOUNCE (1993), significa, “caligrafia, uma forma escrita, instrumento literal”. O termo se assemelha com o que conhecemos como o ato de escrever à mão. Para BEALE (2022) “alguns veem o ‘manuscrito’ ou ‘certificado de dívida’ (cheirographon) explicitamente como uma confissão escrita de dívida”. Ainda de acordo com BEALE (2022) há no entendimento de eruditos que essa sentença de Paulo “meramente se refere a um documento que contém uma declaração ou juramento de que os Colossenses haviam jurado observar obrigações religiosas”.  

Se de fato existiu esse documento, o que de fato não pode ser descartado, mostra que os cristãos de Colosso não estavam fazendo a separação entre o principio da lei com a finalidade das ordenanças que perderam a validade a partir da morte de Jesus na Cruz. Ler esta carta tendo em mente a dívida contraída por Adão, a compressão do ritual do santuário e do seu pagamento por Cristo, é indispensável para evitar o legalismo, bem como a subversão e o rompimento com a Palavra. 

Portanto, para uma questão de facilitar o entendimento, uma vez que esta série de textos tem como objetivo auxiliar nossos queridos irmãos e líderes das diversas igrejas espalhadas pelo Brasil, fortalecerem o seu relacionamento com Jesus e o entendimento da Palavra, darei uma pausa para melhor assimilação do conteúdo. Enquanto isso, não negligencie a sua vida de oração e estudo da Bíblia. Também evite uma postura combativa contra a igreja. Se envolver na obra de Deus e salvar pessoas é muito melhor do que tirar as pessoas do caminho e fazê-las desistir da fé. Continua….

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Que Deus te abençoe ricamente! Até o próximo! 

REFERENCIAS 

  • WIERSBE, W.W., Comentario Biblico Expositivo. Santo André, SP: Geografica. Vol. 6. 2012, p. 133.
  • MERRIL, Eugene H. Teologia do Antigo Testamento. Sao Paulo: Shedd Publicacoes, 2009, p. 278.
  • MOUNCE, William D. The Analytical Lexicon To The Greek New Testament. Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 1993, p. 192.
  • Ibid., 481
  • BEALE, G. K. Colossenses e Filemom: comentario exegetico. Sao Paulo: Vida Nova, 2022, p. 274. 
  • Ibid., 275

Perguntas

  1. Colosso estava localizada próxima a quais cidades e o que ela se tornou? 

Resposta:

  1. Quem é o originador da confusão que há mundo e qual o motivo que deu início a isso? 

Resposta:

  1. O Jardim do Éden era um microcosmo do universo. Qual a função desempenhada pelo homem?

Resposta:

  1. Por que o sábado não pode ser considerado ordenança no sentido passageiro? 

Resposta:

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