Por Célio Barcellos
Gn48 Gn49 #rpsp
Assim como boa parte da população brasileira, nasci em um lar católico e desde a mais tenra idade fui introduzido às questões religiosas por influência de minha avó. Dentre o legado religioso que carrego, está o fato de pedir a bênção.
Era bastante comum entre os moradores de Itaúnas, o costume de pedir bênção aos pais, aos tios e às pessoas mais velhas.
O engraçado, é que mesmo atuando como pastor, ainda peço bênção à minha mãe, aos meus tios e a alguns idosos de minha terra. No que se refere à minha mamãe e aos meus tios, ainda que por telefone, tomo a bênção.
Quantas vezes cheguei e disse: “Bênção dona Cidalina! E ela respondia: “Deus te abençoe, meu filho”. Bênção Sr. Romancino! E a sua resposta: “Deus te faça feliz”. “Bênção Dona Vitória! “Deus te abençoe, Célio”.
Havia uma pessoa muito especial, Dona Aninha (faleceu no início deste ano), que toda vez que eu a reencontrava, ela me abraçava, me beijava e dizia: “Meu Celinho… que alegria em te ver”.
Pensa numa mulher educada para comigo, respeitosa e que me tratava como alguém da família.
A Dona Aninha era uma afrodescendente, originária do Angelin, localidade no Município de Conceição da Barra-ES, onde é atribuída como refúgio Quilombola.
Quantas vezes cheguei e disse: “Bênção Dona Aninha! E com aquele sorriso amável, uma candura em pessoa, me dizia: “O, meu Celinho… Que Deus te abençoe”.
Era algo tão intenso, que ela acariciava o meu rosto, e falava: “Você não esquece de mim”. Após um tempo de conversa, eu fazia uma oração, pedia a bênção de Deus sobre a vida da Dona Aninha e me despedia.
Concomitante a tudo isso, a palavra bênção em hebraico tem o significado de “dom, louvar e abençoar”. Ou seja: bênção é um presente de Deus concedido ao ser humano.
Acerca da bênção de Deus, podemos nitidamente perceber esse cuidado paterno do Senhor para conosco nos seguintes textos:
quando Ele abençoa a natureza para nos abençoar (Gênesis 1:22); quando Ele concede ao ser humano a bênção da fertilidade (Gênesis 1:28); quando Ele concede à humanidade a bênção do sábado (Gênesis 2:3); há também a bênção da nação que O escolhe como Senhor (Salmo 33:12) e a bênção para as pessoas (Gênesis 24:1; 12:3).
Por conseguinte, apesar de Jacó ser um personagem um tanto icônico nas Escrituras, ainda assim, ele levou bastante a sério a bênção de Deus.
Mesmo que ele tenha falhado e cometido os seus muitos erros, ele jamais desperdiçou a oportunidade de ser abençoado por Deus e de abençoar as pessoas.
Quando ele decide pôr as mãos sobre as cabeças dos filhos de José (Gênesis 48:1-21), o Comentário Bíblico Andrews destaca que Jacó assume a adoção dos filhos de José.
Nitidamente, ele está substituindo Rubem e Simeão (filhos) por Manassés e Efraim (netos) como descendentes dele (CPB, 2024, Vol. 1, p.208).
Aquela cerimônia de bênção era um recado direto aos seus filhos que subverteram a verdade.
Em outras palavras, José estava inserindo dois estrangeiros como parte das 12 Tribos de Israel. Os filhos de José eram egípcios e filhos de egípcia. E a partir daquele momento, eles se tornavam israelitas, da linhagem de Abraão, Isaque e Jacó.
Isso é tremendo! Isso é graça! Isso é o poder e misericórdia de Deus em ação! É Deus dizendo que a salvação é para todos os povos e não uma exclusividade de alguém.
Quem aceita o evangelho e se rende ao Senhorio de Deus, torna-se exclusivo para Ele. A Sua propriedade (1Pedro 1:9,10).
Em virtude disso, o cuidado que cada um de nós precisa ter é o de não perder a bênção de Deus.
Quantas pessoas na sociedade e na igreja têm rompido o compromisso com o Senhor e com o evangelho?!
Quanta gente na igreja por exemplo, tem se recusado a cumprir as regras que outrora aceitara em detrimento da subjetividade de uma sociedade que não se sustenta em sua “verdade líquida”?!
Há muita gente perdendo a bênção por causa de sua afronta a Deus. Por causa de sua negligência como mordomo e também, por causa de sua rebelião contra a igreja e contra o ministério.
Nesse sentido, há um risco de ser engolido pela rebeldia como o ocorrido com Corá, Datã e Abirão (Números 16:1-34) ou de perder o privilégio da descendência como no caso de Rubem e Simeão.
Portanto amigo, procure valorizar a bênção de Deus sobre a sua vida e transmita essa bênção para a sua família e para as pessoas.
Até porque, quando o cristão compreende o sacerdócio confiado a ele, o seu foco principal será o de se envolver na missão para abençoar as pessoas com o evangelho da salvação e ao mesmo tempo ser abençoado, pois o Reino de Deus não é somente para os filhos de Jacó, mas também para os estrangeiros que se achegam à Casa de Deus.