É bastante comum as pessoas dizerem que a “morte é parte da vida”. Não quero ser de imediato um tanto ortodoxo em confrontar esta sentença chamando-a de mentirosa, pois num sentido material de existir, essa frase do ponto de vista da semântica, parece fazer total sentido para quem acredita na aleatoriedade da vida.
Se levarmos em conta a teoria da antifragilidade de Nassim Nicholas Taleb em seu livro, “Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos”, notaremos o porque de muita gente rejeitar o convite divino para a vida de paz e tranquilidade ofertada pela filosofia do Seu Reino.
De acordo com Taleb, “o frágil busca a tranquilidade, o antifrágil cresce na desordem, e o robusto não se importa muito.” Claro, que, do ponto de vista da vida selvagem em que nos encontramos, o pensamento de Taleb tem bastante sentido, uma vez que para sobreviver a este mundo selvático, a antifragilidade torna-se indispensável, pois ela se baseia no pensamento evolucionista da aleatoriedade, o que favorece ao mais apto.
Um bom exemplo dessa aleatoriedade é o da família Cruds. Você se lembra quando naquele divertido filme, o patriarca estava sempre a proteger a família na caverna? Na teoria de Taleb, ele seria o frágil e a sua filha destemida e sonhadora, a antifrágil. O frágil procura estabilidade, enquanto o antifrágil assume riscos.
Contudo, o preambulo que escolho traçar nesta reflexão é a cosmovisão bíblica acerca do assunto, vida/morte, graça/salvação.
A Biblia não se solidariza e nem romantiza a morte. Desde o inicio, o Senhor Deus, o Criador de todas as coisas, inclusive, Criador dos seres humanos transmite com bastante clareza que a morte é algo totalmente oposto à vida e que o diálogo do ser humano com o pecado fez surgir essa ruína que embota o sentido do existir. (Genesis 2:15-17; 4:8-15).
Por consequência, acreditar na antifragilidade como o sensus plenior da aleatoriedade é romper com a cosmovisão do Eterno e se limitar à sobrevivência em um mundo caótico de “um indo e vindo infinito”. Insistir nisso, é alimentar constantemente o egoísmo e gerar mais disparidades na vida, o que faz aumentar o volume da morte.
Nos últimos 10 dias, eu presenciei o quanto somos frágeis. Precisei ir às pressas até o Internato buscar o meu filho que estava de cama por causa do “Aedes aegypti”, o terrível causador da dengue. As plaquetas do meu garoto chegaram a 17.000, um nível baixíssimo e preocupante que ele precisou ser internado.
O que esse incidente mostra, é que se fôssemos de fato antifrágeis, jamais adoeceríamos ou até mesmo morreríamos por causa de um simples mosquito. O que a aleatoriedade não te conta, é que ela utiliza a mesma tática da serpente. Ao invés de falar a verdade, cria-se uma narrativa de que você é forte e pode vencer a morte. Ela te faz sentir-se à semelhança de Eva – um deus.
Diante do exposto, apesar de habitarmos neste planeta e necessitarmos da resiliência para a sobrevivência, não devemos confundi-la com a antifragilidade. Até porque, o próprio Taleb faz a distinção entre o antifrágil e o resiliente. Porém, se ansiamos o Reino da vida e não da morte, o ideal é reconhecermos a nossa fragilidade e nos apoiarmos no verdadeiro Antifrágil chamado Jesus Cristo. Ele sim, ultrapassou a barreira da morte e a ofuscou com a Sua vida.
Portanto, se queremos habitar no País da verdadeira antifragilidade, é melhor reconhecermos a nossa pequenez e assimilarmos a ideia de que quando somos fracos, em Cristo Jesus nos tornamos uma fortaleza (2Corintios 12:10).
Pense nisso! Um dia, a morte não mais existirá, pois os seres frágeis se revestirão da antifragilidade (2Coríntios 15:53,54).