Na prateleira do mercado vejo tanta carestia, Eis os muitos Severinos, os filhos de Maria.
Aqueles mesmos, filhos, dos finados Zacarias.
Carrinho vai, carrinho vem e o movimento é de espantar.
Da picanha, nem o osso, e da galinha, só o pescoço.
Se Cabral de Melo Neto fosse vivo, estarrecido ficaria.
De ver tantos Severinos, causadores da carestia.
Os “cabras” ficam ricos, às custas de outros Severinos.
Da fome que passaram, não querem mesmo se lembrar,
É tanta raiva do sertão, que até a água fez parar.
Daqui a dois anos tudo passa e as ajudas aos Severinos,
Fazem brotar a ilusão de que “sertão vai virar mar” e bater “o coração.
Dentre os muitos Severinos, ainda tem os Fabianos.
Com suas Sinhás Vitórias que vivem por engano.
Suas Baleias e filhos sem nomes estão mortos no olhar.
É tanta carestia, que não dá pra disfarçar.
À semelhança de Melo Neto, Graciliano se revoltaria.
Ao ver o brasileiro sofrido, enganado, na covardia.
Só restam aos retirantes exclamar como Castro Alves:
“Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura… se é verdade, Tanto horror perante os Céu?!”
Nesta carestia dos infernos, nem “padrinho ciço”, muito menos a “compadecida” ouvem nada.
Pois, na escolha que o povo faz, surgem efeitos em manadas.
As “cortinas de fumaça” que têm início na Amazônia,
Com apoio midiático, nos escondem a vergonha.
Nesse mar de lama verde, nos prometem a Suíça,
Acreditamos piamente, mas o que nos chega, é bem carniça.
Nessa imitação de cordel, me perdoe os nordestinos por meu atrevimento,
Em tentar expressar bonito, tão grande sofrimento.
Boas notícias surgirão de planos de austeridade,
Nos darão bons incentivos, mas ao final, é só maldade.
O pouco que nos chega das muitas covardias, Severinos e Fabianos não têm idéia, do sarau, sob as cortinas da coxia.
O Brasil é a fábula do George Orwell.
Na “revolução dos bichos” já não se distingue “porcos de cavalos”.
Mas os Severinos e Fabianos, mantém a confiança nos Napoleões, que lhes prometem vida nova, extraindo os seus pulmões.
Somente Deus para amparar os Severinos e Fabianos em meio à carestia que tomou conta do Brasil e a ESPERANÇA de uma NOVA TERRA. Procuremos ajudar uns aos outros, pois há famintos entre nós.
Por Célio Barcellos