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A glória em Pessoa

Da próxima vez em que você parar para meditar no evangelho de São João, procure enxergar nas palavras do apóstolo o propósito desse evangelho tão especial. O objetivo de João é exaltar o Verbo divino na Pessoa de Jesus Cristo, alimentar a igreja com a essência da salvação e precavê-la dos perigos iminentes contra a fé. O interessante é que cerca de 90% do que João escreveu não constam nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). 

Além disso,  algo importante a se observar, é que, em Seus milagres, Jesus chama a atenção do povo para a chegada do Reino ao revelar a glória de Deus. Esse era o centro da pregação de Jesus – o Reino de Deus. 

Para tanto, Joaquim Jeremias em sua obra “Teologia do Novo Testamento” (2008, p.38-45) menciona que Jesus Se estabeleceu na Galiléia, pois naquela região se encontrava uma população mais “mestiça” e totalmente discriminada pelo povo da Judéia. 

A linha de estudo de Jeremias é acerca do “passivo divino”. O passivo divino era uma forma encontrada pelos judeus antes do advento do cristianismo que tinha a finalidade de “excluir todo abuso do nome de Deus”. Ou seja: a utilização do nome de Deus em vão.

Ainda segundo Jeremias (2008, p.38-45), havia o costume de valer-se do uso “de perífrases para expressar a ação e os afetos de Deus”, sem mencionar o Seu nome.

Em contraposição a esse entendimento judaico, Jeremias (2008, p.38-45) argumenta que Jesus, “usou desembaraçadamente a palavra ‘Deus’, mas aderiu em larga escala ao costume de seu tempo, de falar do agir de Deus” também em perífrases. 

Ou seja: Ele não poupou vocabulário para revelar Deus às pessoas. 

– O que seria esse recurso em perífrase? – perífrase é um recurso estilístico que consiste em exprimir por muitas palavras aquilo que poderia ser dito em poucas. 

Por conseguinte, Jesus não ficou restrito a um vocabulário escasso ao falar de Deus. Ele revela o Pai com satisfação. Com abundância nas palavras. Concomitante a isso, os capítulos iniciais do evangelho de João são a maneira pela qual Jesus revela Sua divindade ao realizar o milagre numa festa de casamento (Jo 2:1-11); curar o servo de um oficial romano (Jo 4:46-54); e a cura do paralítico em Betesda (Jo 5:1-9). 

Por consequência, tanto nesses milagres, bem como em outras ocasiões no evangelho de João, e tabém nos evangelhos sinóticos, Jesus exerce a voz ativa sobre o mal. Contudo, na maioria esmagadora das vezes, Ele faz questão de exaltar o Pai e sair de cena. O teólogo Joseph Ratzinger em sua obra “Jesus de Nazaré: a infância” (2020, p.19), menciona que o “homem Jesus é a tenda armada do Verbo, do eterno Logos divino, neste mundo”. 

Em outras palavras, Ratzinger parece querer dizer, que, o Filho de Deus, título que se refere à divindade de Jesus, revelou-Se ao Se encarnar no homem Jesus de Nazaré. 

Portanto, quando Jesus, na maioria das vezes exalta o Pai, Ele está cumprindo o acordo pré-estabelecido antes da fundação do mundo: o de Se submeter à vontade de Deus. O Apóstolo Paulo chega a dizer que Jesus Cristo “mesmo existindo na forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus…” (Fl 2:6). 

Assim sendo, essa atitude de humildade de Jesus mostra a porta de entrada para toda pessoa que anseia viver no Reino de Deus. Ou seja: quem tem a vontade de entrar no Reino, precisa morrer para o “eu”. Precisa ser pastoreado por Jesus e aceitar as regras do Reino. Precisa ser humilde. 

Diante do exposto, o Filho de Deus e Jesus de Nazaré coexistirão por toda eternidade. As duas naturezas, divina e humana permanecerão para sempre, pois esse jeito misterioso de manifestar a glória em Pessoa, foi o meio pelo qual a Divindade escolheu para salvar o ser humano. 

Por Célio Barcellos

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