Por Célio Barcellos
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O dia já despontava quando de repente, o Sr. Hugh notou a falta de Frederick Douglas, escravo fugitivo do Sul, que rumou em direção a Nova York.
Douglas fora uma vítima da brutal escravidão no Sul dos Estados Unidos, mas que não aceitara a condição humilhante imposta sobre ele.
Dentre os escravos, no que se refere a ler e escrever, Douglas fora uma exceção. Ele aprendera ler e a escrever no seu contexto juvenil com a Sra Sofia, esposa do Sr. Hugh Auld, que veementemente se opunha.
Acerca dessa oposição, Douglas relata: “O que ele mais temia era o que eu mais desejava”.
No quesito notoriedade, Douglas é reconhecido como uma das personalidades abolicionistas de grande destaque para a erradicação do trabalho escravo nos EUA.
Apesar de apenas três (3) contatos com Abraão Lincoln, ele fez parte daqueles que fizeram de tudo para o fim da escravidão e da Guerra de Secessão.
Além do mais, ele figura entre o panteão literário americano pela clássica obra, “As Narrativas da Vida de Frederick Douglas”, livro em que relata todo o drama vivido nas fazendas nos arredores de Baltmore.
Vale muito a pena a leitura do livro escrito por um homem que insere a sua sapiência acima de qualquer proibição!
Douglas rejeitou a censura! Ele rejeitou a escravidão! Ele rejeitou a miséria! Ele ansiou bela bênção da liberdade!
Concomitante à história de Douglas, porém, com um enorme hiato temporal, José do Egito também fora escravizado. Contudo, José, filho de Jacó, fora feito escravo por causa do comportamento malévolo dos seus irmãos.
Além disso, um detalhe à parte, é que na época de José, a escravidão não ocorria em função da cor da pele, como nos dias de Douglas, nem como insistem os defensores da guerra cultural na atualidade. Mas todo ser humano, independente da sua matiz, corria o risco de ser escravizado.
De acordo com Laurentino Gomes, a “Escravidão é uma chaga aberta na história humana.” Ainda segundo Gomes, a utilização “de mão de obra cativa foi o alicerce de todas as antigas civilizações, incluindo a egípcia, a grega e a romana” (Escravidão: Do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares. Vol 1, p. 63,64).
Por consequência, como resultado dessa cultura global escravocrata, infelizmente, José do Egito contribui de alguma forma com a escravidão enquanto governador do Egito, especialmente quando negocia as terras dos egípicios por comida (Gênesis 47:13-21).
Para se ter uma ideia desse pensamento embutido, Aristóteles, filósofo grego, que também era senhor de escravo, disse o seguinte: “A humanidade se divide em duas: os senhores e os escravos; aqueles que têm o direito de mando, e os que nasceram para obedecer”.
Contudo, apesar de estar inserido numa cultura de escravidão, José faz algo diferente. Ele mantém o povo nas terras e distribui as sementes. Em contrapartida, o povo paga imposto da “quita parte” das colheitas (Gênesis 47:23-26).
Ainda que a atitude de José aparente ser pouco para a mentalidade crítica da atualidade, no desespero da fome, a população dos dias de José, compreende como um bom negócio.
Portanto, o que a lição tanto de Douglas quanto de José nos ensina, é que, a luta pela vida e pela liberdade tem um alto preço. Se tem algo que cada pai de família deve priorizar é a educação dos filhos.
Num contexto presente de miséria, em que as coisas estão difíceis e quase sem saída, priorizar a educação dos filhos, ainda que com muita dificuldade, é a chave de oportunidade futura.
Da mesma maneira que Douglas e José conseguiram a liberdade e se tornaram pessoas influentes para provocar mudanças no mundo e até mesmo salvar a família, o investimento na educação dos filhos, o temor a Deus, o trabalho honesto e o respeito à dignidade humana, são as garantias para uma vida melhor.
Sem contar que a verdadeira liberdade vem através de Jesus Cristo, pois Ele mesmo disse: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8:36).